quinta-feira, maio 05, 2005

Andamento nocturno

Aboli as vírgulas entre uma chávena de chá e alguns cigarros nada me detém agora nenhum polícia me prende ou manda parar sou veloz o fumo sobe inunda a sala mango e morango ingleses a inovar a tradição fumar mata ejacular também aspirina liquidifica circulação a escorregar em sabão "gamse" de "doublemint" em caixa alta maiúsculas para alguns um misterioso toalhete perfumado no balcão a cozinha arrumada antes agora e já não depois portas que respiram e se mexem um vulto na cabeça cobertores a fazer de gente na cama fecho a porta uma faca ao meu lado não tenho medo de ti apenas de mim e tu sabes por isso vens de dentro e me atormentas abro a janela grito português em rua de reformados ingleses apago todas as luzes e tremo tremendamente "tremelicante" mãos no aquecedor pele queimada porco agri-doce memória canibal mãe pai irmãos pequeno-almoço almoço jantar a tribo mata os fracos os velhos e os disformes uma cicatriz na cara paredes crispadas violações nocturnas um gato ontem felino à tarde o Papa tem dois gatos de porcelana o meu gato está longe de mim e tem a cama para ele toda dele cama sem gente cama humana nas patas felinas almofadas furtivas um carro passa a noite não dorme os homens vegetam de dia as mulheres são obscuras e fazem sopa maternalmente chupam vorazmente a alma em branco espalhada na pele rosada de esforço arfa o peito escreve a mão em cosmética perversão acabou o tempo o cigarro a dar de si o peito vai chiar um dia hoje amanhã coração em azul vizinhos que se mexem devagar a vida em caixotes música que se repete punhetas que se adiam por ora a querer o sempre o fim das palavras agora.
EMANUEL BENTO
NB: Então "Pássaro" já papaste as mexicanas todas, tinham bigodes elas e sombreros?!