sábado, março 05, 2005

Quarto Secreto

Bateste à porta de mansinho.

Sem que pudesse responder, foste entrando no meu quarto secreto. Olhaste em volta e os teus olhos encontraram um sofá do outro lado do quarto. Um feixe de luz descia sobre ele demarcando a sua presença no quarto secreto.

Um sofá branco, amplo e macio.

Chegando mais perto, viste a silhueta de um corpo nu, de costas, repousado languidamente, dando apenas para perceber uma linha sensual de contornos ávidos por um toque teu.

Tuas mãos percorreram mentalmente, por instantes, a linha de prazer do corpo estendido, antes de avançar para junto do sofá, para junto de mim. Sentaste-te e gentilmente virei-me para ti.

Teus olhos sorriram pela certeza da minha presença.

Passaste a tua mão ao de leve pelo meu rosto, percorrendo cada milímetro de uma face que ia denunciando as sensações que provinham do contacto entre a nossa pele.

Baixaste-te para me beijar e consegui, então, sentir o teu cheiro descendo sobre mim, confundindo os meus sentidos. Fechei os olhos para melhor sentir, para melhor absorver tudo o que vinha de ti.

Um leve roçar de lábios sequiosos fizeram nossos corpos estremecer. Todo o meu corpo inclinou-se na vontade do contacto com o teu. Prendi os teus lábios aos meus, senti a minha língua junto com a tua e os nossos sabores uniram-se.

Tuas mãos percorreram, finalmente, os contornos do meu corpo, amarrando-o entre os teus dedos para ter a certeza da materialidade daquele corpo nu.

Deixei-me envolver por um misto de sensações que me levavam a tocar-me para te sentir mais perto. Toquei-me para te chamar para mim.

Agarrei os meus cabelos para me fazer acreditar que todas aquelas sensações eram possíveis. Sendo então levada a descer até aos meus lábios humedecendo a ponta dos meus dedos. Digitais que ficaram agora marcadas pelo meu sabor, esperando que o sintas em cada recanto meu que for tocando.

Ao deixar que os meus dedos descessem um pouco mais encontrei o teu olhar, abismado com a figura que se formava à tua frente, que se tocava e se retorcia, procurando descobrir o que se seguiria, onde minhas unhas iriam roçar, onde minha pele se iria encontrar, formando assim um circulo de prazer, transmitindo sensações entre uma mesma pele que se toca, sensações que se revezam, que se confundem, que se transcendem.

Deixei-me levar por sensações nunca antes sentidas, queria continuar a tocar-me para ti, mas algo prendia os meus movimentos. Uma sensação contraditória de vontade e inibição. Estava ali completamente exposta interior e exteriormente. Vias agora as minhas pequenas imperfeições corporais e sentias no ar os meus desejos mais íntimos. Estava exposta, conhecias-me inteiramente e, no entanto, continuavas ali.

Sentia a tua presença pela tua respiração cada vez mais forte, como se respirando mais depressa, mais fundo pudesses adiantar o tempo para mais rapidamente poderes chegar até mim.

Senti vontade de parar, de abandonar aquele sofá branco, mas o meu desejo por ti fez-me ficar, fez-me querer fazer parte de ti.

A minha vontade era só desprover-te das roupas desnecessárias que envergavas... queria sentir a tua pele toda junto à minha, dando a sensação de um beijo por todo o corpo. Roupas que escondiam uma pele agora arrepiada pelo toque das minhas mãos. Mãos que deslizam, mãos que sentem, mãos que se fazem sentir...

O teu peito encostado ao meu em toda a sua pureza de sensações e sentimentos, é como um hino à beleza e à paixão. Dois corpos fundidos sob uma luz pálida, que vistos à distância parecem um só. Passaste a tua mão sob o meu cabelo, por forma de o puxar para trás. Agarraste a minha face com as duas mãos, fortes, seguras e olhaste bem fundo nos meus olhos. Viste o prazer que emanava de mim, sentiste o prazer a fluir entre nós. Um prazer ritmado, abafado com beijos que misturam sabores, doces de mel dos nossos lábios e salgados de suor da nossa pele.

Embalados ao som da música dos movimentos do nosso corpo conseguimos completar a sinfonia perfeita. Agora deitados lado a lado, nossos peitos ainda unidos pelo suor da nossa pele, repousamos e ficamos imóveis, a tentar controlar a respiração desgovernada, como se a tentar que aquele momento perdurasse para sempre.
bye Xinha